Quando a chef Roberta Sudbrack esteve no Pará, há dois anos, e conheceu [além de experimentar] o Filhote, declarou que estava vivendo um caso de amor. Nós, paraenses, sabemos bem deste sentimento. Mas... conhecemos sua história?
O filhote, nome dado ao – de fato – filhote do Piraíba (Brachyplathystoma filamentosum), só pode ganhar esse nome até seus 60 kg. Se ultrapassa esse peso, a carne do peixe fica fibrosa e deve ser usada em pratos que exijam carnes firmes e resistentes a longos períodos de cocção, como peixadas e cozidos. Aliás, quando adulto, o Brachyplathystoma filamentosum pode facilmente chegar aos 300 quilos (!!!). Ah, é bom avisar: o Piraíba é carnívoro e em torno dele há lendas, muitas lendas entre caboclos e indígenas.
Mas voltemos ao filhote: o peixe é um dos mais consumidos e preferidos pelos paraenses. Em uma rápida incursão ao mercado de peixe do Ver-O-Peso, é possível comprá-lo até o meio da manhã; inteiro ou já sem o espinhaço e a pele, acomodado em pacotes que podem chegar até aos 3 kg de pura carne.
Filhote, o pescado é delicado. Sua carne é generosa, tenra e muito saborosa.
Falando por mim, confesso: também sou uma apaixonada pelo Filhote. Se preparado da forma mais simples possível, melhor ainda. Uma coisa que adoro em nossa cozinha é a (complexa) simplicidade do modus operandi paraense: limão, sal e a grelha. Coberto de uma crosta, resultante da exposição ao fogo, o Filhote revela-se uma linda surpresa no prato, porque ao cortá-lo sua carne macia revela-se alva. Aí, amigos, esta paraoara italiana se derrete em suspiros e basta um limão, farofa (se tiver farinha bem torrada, melhor ainda!), além de uma pimenta de cheiro espremida no prato para a paixão se consumar...