Presente no cotidiano humano desde os primórdios da história, a moda evoluiu e acompanhou cada período marcado por grandes transformações geográficas, culturais e, até mesmo, políticas. A moda conquista, agora, seu espaço no metaverso.
A história da moda ganha um novo capítulo e passa a ser consumida de uma forma completamente inovadora, o que pode determinar o modo como os humanos se relacionarão durante os próximos anos. A ideia se baseia no metaverso, que consiste em um mundo virtual, que promove a integração entre o mundo real e o virtual.
Dentro dele é possível participar de eventos, trabalhar e até se relacionar com pessoas de outras partes do mundo, de maneira bastante realista, através de um avatar personalizável. É aí que a moda entra em cena, já que o ambiente simula virtualmente cenários reais.
A aquisição das roupas virtuais é realizada por meio dos NFTs - Tokens não-fungíveis, que funcionam como um certificado de compra de qualquer item dentro do metaverso, neste caso, das peças de roupas e acessórios.
Jogos eletrônicos
Antes mesmo da moda e do metaverso estarem em alta, ambos já eram um sucesso absoluto no mundo dos games. O público-alvo desse tipo de moda são os usuários de jogos on-line como Free Fire, League of Legends e Pubg, disponíveis em versões mobile e desktop.
Neste contexto, a caracterização dos personagens é intitulada “skin”, que em tradução livre significa “pele”. A skin corresponde ao conjunto completo de roupas dos personagens, que pode ser adquirida na loja de compras do jogo, que pode ser utilizada para se diferenciar dos demais usuários. Quanto mais rara ou exclusiva a skin, mais o jogador pode ter que desembolsar para personalizar seus personagens.
O mercado de skins, principalmente as colecionáveis, movimenta bilhões anualmente. Algumas das skins mais caras do mundo fazem parte do jogo Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), bem como a mais cara já registrada, avaliada em R$ 6,2 milhões.
Desfiles virtuais
A chegada da pandemia de Covid-19 potencializou o uso do metaverso pelas grifes de moda, já que devido ao isolamento social os desfiles não poderiam ocorrer de forma convencional. A partir deste ponto, foi necessária uma reinvenção de formato pelas marcas, acostumadas a apresentarem suas coleções somente nas famosas semanas de moda em cidades como Paris, Milão e Nova Iorque.
No primeiro semestre de 2020, o digital foi a solução encontrada e assim as semanas de moda de Londres, Paris e Milão foram realizadas em formato virtual, com transmissão on-line, para a apresentação das tendências para o ano de 2021, de marcas como as tradicionais Dior e Prada.
Com a evidência e destaque do metaverso, algumas marcas passaram a apostar na venda de roupas e acessórios em NFT, e também nos desfiles dentro dos mundos virtuais. Prova disso é a Semana de Moda de Nova Iorque, que contou com desfiles dentro do metaverso.
Enquanto isso, o próprio metaverso se prepara para receber a sua primeira semana de moda, a “Metaverse Fashion Week”, que acontecerá no período de 24 a 27 de março e será promovida pelo mundo virtual Decentraland e pelo marketplace UNXD, que reunirá marcas e fashionistas do mundo todo em uma experiência totalmente baseada na realidade virtual.
Victoria Secret’s
Um dos maiores nomes da moda, a companhia norte-americana Victoria Secret’s, já ensaia seu retorno às passarelas há algum tempo. A retomada do Victoria's Secret Fashion Show já havia sido anunciada pelo CEO da empresa, Martin Waters, em julho de 2021. Mas para a surpresa de muitos, o retorno pode acontecer de uma forma bastante diferente dos tradicionais desfiles da marca.
Recentemente, a empresa solicitou o registro da marca no metaverso, o que significa a adesão da marca aos desfiles no formato virtual, assim como anunciado pela grife Dolce & Gabbana. Além disso, no pedido de registro da marca está inclusa a comercialização de lingeries, vestuários e calçados digitais, bem como fotos e vídeos.
A última edição do Victoria's Secret Fashion Show, evento anual de apresentação das lingeries da marca, ocorreu em dezembro de 2018 em Nova Iorque. O desfile que ocorria anualmente desde 1995, teve a sua 25ª edição, que ocorreria em dezembro de 2019, cancelada devido a uma série de polêmicas que envolviam a falta de diversidade e representatividade da marca a cada nova coleção, o que não condiz com a realidade.