Segundo a Pesquisa Radar Pet 2020, uma das mais importantes sobre o setor, realizada anualmente pela Comissão de Animais de Companhia (Comac), mais da metade dos domicílios brasileiros possuem algum animal de estimação, sendo a maioria deles cães e/ou gatos. Já o levantamento Radar Pet 2021 – cujo principal objetivo foi entender os efeitos da pandemia de Covid-19 no mercado pet – mostrou que a proximidade entre tutores e animais de estimação aumentou muito no período pandêmico, o que se traduziu em uma preocupação ainda maior com a saúde dos pets. De acordo com essa pesquisa mais recente, 49% dos cerca de 100 veterinários brasileiros entrevistados para a pesquisa relataram aumento no volume de atendimentos em relação ao ano anterior.
“Quem tem um bichinho de estimação sabe o amor que nós, tutores, sentimos por eles. Fazemos de tudo para que eles sejam felizes e não sintam qualquer tipo de desconforto”. O relato é da advogada Júlia Maneschy, de 24 anos, que reforça os dados apresentados pela Pesquisa Radar Pet 2021. Júlia é tutora da cadelinha Flor, uma Dachshund (popularmente conhecida como “salsicha”) que hoje está com 14 anos de idade. A jovem conta que, em julho deste ano, Flor começou a apresentar uma certa dificuldade para andar. “Ela estava arrastando uma das patinhas”, lembra.
Preocupada, Júlia e a família levaram Flor para várias consultas e exames, até receberem um diagnóstico de rompimento de ligamento cruzado, o que acarretaria em uma cirurgia. Porém, receosa de submeter a Flor a um procedimento cirúrgico arriscado, Júlia decidiu consultar vários outros veterinários e, após mais algumas baterias de exames, foi constatado que Flor não tinha rompido o ligamento, mas sim desenvolvia um problema na coluna, semelhante a uma hérnia.
“Como o raio-x não é um exame muito detalhado, ainda não é possível dizer com certeza que se trata de uma hérnia. É necessária a realização de uma ressonância, mas ainda não há um local que faça esse exame em pets aqui em Belém. Então, por enquanto, só temos certeza de que se trata de uma alteração na coluna, o que é um problema muito comum na raça da Flor”, explica.
Para tratá-la, foi recomendada fisioterapia veterinária, uma área ainda dominada por poucos profissionais no Norte do País. No caso da Flor, a responsável é a médica veterinária Cleide Costa, especialista em reabilitação canina e felina. “Normalmente, o animal mostra logo de início que está com problemas, os quais, muitas vezes, o tutor não percebe. Na maior parte das vezes, o cão ou o gato ficam parados, tristes, sem disposição para fazer o que costumavam fazer. Nesse momento, é preciso procurar uma avaliação profissional”, orienta a médica veterinária.
Segundo ela, a partir do momento em que o problema é detectado, a fisioterapia pode ser um dos tratamentos indicados. “A fisioterapia em animal promove respostas muito rápidas e logo o tutor começa a ver o animal bem. Temos vários materiais que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida do pet, como laser, magnetoterapia, ultrassom, eletroterapia, fototerapia, além de cinesioterapia e exercícios terapêuticos diversos”, detalha.
No caso da Flor, embora o diagnóstico definitivo ainda não tenha sido fechado, as sessões de fisioterapia, iniciadas ainda em julho, têm apresentado resultados significativos. “Ela parou de andar e a fisioterapia ajudou muito para que ela voltasse a caminhar. Agora, infelizmente, ela está sem andar de novo, mas as sessões contribuem para que os membros não fiquem atrofiados e para que ela não sinta dores também. É um trabalho feito com muito amor, cuidado e atenção, para que ela não sinta dores ou incômodo”, relata Júlia.
Para a advogada, ter um animal de estimação implica, naturalmente, em muitas responsabilidades, mas tudo vale a pena pelo amor e dedicação que os pets retribuem a quem cuida deles. “Quando eu completei dez anos de idade, meus pais me deram a Flor de presente. Eu sou filha única, então a Flor sempre foi a minha maior companhia. Nunca tive outro pet além dela. Então, estarei com a Flor em todos os momentos, sejam fáceis ou difíceis, porque ela sempre esteve com a minha família. O que pudermos fazer para garantir qualidade de vida a ela, faremos”, afirma.