Danielle Fonseca artista visual, 37, viu seu talento ser reconhecido ainda jovem por uma amiga, quando nem a própria artista sabia que o que fazia - movida por um desejo íntimo de interligar suas emoções ao mundo material. Há dezoito anos, Danielle trabalha com a poesia visual, uma arte que pode ter como ponto principal elementos ou símbolos distribuídos de forma que o elemento visual seja o primeiro plano, em vez do caráter textual.
A artista já participou de várias mostras de arte, e pouco a pouco seu trabalho vem ganhando cada vez mais destaque na capital paraense. De poucas palavras, porém carregada de poesia transformada em objetos, interações e atitudes, Danielle Fonseca fala com o site da Revista Leal Moreira sobre sua trajetória, obra e inspirações.
Revista Leal Moreira - Quando você percebeu que o que você fazia era arte?
Danielle Fonseca - Acho que, ao iniciar a prática com a literatura, fui me aproximando das artes em geral. Foi uma amiga quem me alertou que talvez o que eu fizesse fosse arte visual também, e me incentivou a participar de um salão de artes, o “Primeiros Passos” do CCBEU. E deu certo...
Revista Leal Moreira - Sua obra fala da literatura, da música e da paisagem de que forma?
Danielle Fonseca - Da forma em que em algum momento elas se pareçam uma só, ou onde está o elo que as une.
Revista Leal Moreira - O que inspira você a criar?
Danielle Fonseca - Um livro, uma palavra... Ultimamente as águas...
Revista Leal Moreira - Você é surfista também, como isso interfere na sua criação?
Danielle Fonseca - É a primeira vez em todos esses anos que venho trabalhar com essa relação que tenho com o surf. Vi por meio do texto do filósofo Daniel Lins uma possibilidade entre surf e filosofia, e achei incrível. Tenho feito fotografias, instalações e esculturas sobre isso.
Revista Leal Moreira - Ser artista é ser...?
Danielle Fonseca - Mar em dia de ressaca...
Revista Leal Moreira - Em Belém dá para viver do fazer artístico?
Danielle Fonseca - Acredito que a dificuldade de se viver somente de arte não seja uma exclusividade de Belém. Ainda não é possível, mas as possibilidades vêm se ampliando. Basta seguir trabalhando, e a arte ser encarada como profissão pelos próprios artistas.
Revista Leal Moreira - Você está no Arte Pará deste ano. Sobre o que versa seu trabalho selecionado?
Danielle Fonseca - É uma instalação que completa seis anos de pesquisa com um objeto (caixa de correspondências) na Praia do Farol em Mosqueiro. É uma resposta à pergunta da personagem Ms. Ramsay do livro “To the Lighthouse” (da escritora Virginia Wolf), que diz: "como pode alguém (o faroleiro) ficar dias sem receber cartas ou jornais?". A instalação está na Casa das Onze Janelas, na sala Gratuliano Bibas, e o público pode interagir levando envelopes ou escrevendo cartas e postando na caixa que está lá.
Revista Leal Moreira - O seu trabalho intitulado "Rumo ao Farol" é um registro sobre a passagem do tempo?
Danielle Fonseca - Acredito que esse trabalho seja o mais longo de todos. A passagem de tempo nesse livro foi fundamental para construção dele - que, na verdade, é feito de um vídeo, muitas fotografias e duas caixas de correspondências. A ideia é registrar essas caixas nas paisagens, e depois propor interação com o público por meio das cartas.
Revista Leal Moreira - Como surgiu a ideia do "Rumo ao Farol"?
Danielle Fonseca - Após ler o livro "To the Lighthouse" com a tradução da Luiza Lobo - na minha opinião, a mais sensata.
Revista Leal Moreira - Você está produzindo ou criando alguma coisa no momento?
Danielle Fonseca - Estou seguindo com a pesquisa do surf, e escrevendo a respeito dessa relação entre arte, surf e filosofia.
Revista Leal Moreira - De que forma o Pará, ou Belém, influencia na sua criação?
Danielle Fonseca - Em quase toda parte que me cabe das paisagens.
Quer conhecer um pouco mais da obra desta artista que se mostra ao mundo de uma forma diferente? É só acessar o site www.kamarakogaleria.com.br e viajar nas asas da artista paraense.