Eu ainda gosto de ouvir um bom álbum. Pensar neles, discos inteiros, a serem ouvidos do início ao fim, parece raro em uma era de playlists e singles instantâneos. Mas é claro que ainda há artistas comprometidos em impressionar, empolgar e por que não, em nos fazer dançar e sonhar um pouco?
A lista (ou melhor, pódio) abaixo é um presente para aqueles que, assim como eu, são apaixonados por boa música. Sem restrições de gênero ou país, a proposta é trazer os nomes que mais embalaram 2023 e que mostraram o porquê de acreditar na boa e velha proposta de apreciar um disco.
Prepare os fones e vamos a essa jornada.
11. Amor Fati - Mahmundi
O bom e velho som tropical trazido pela carioca Mahmundi está de volta em seu novo disco, Amor Fati. Explorando novas sonoridades, a artista passeia pelo reggaeton em Brisa 22, ao psicodélico em parceria com a banda Tagua Tagua, ou ao reggae em Fugitivos. Mais um acerto para a artista.
10. This is Why - Paramore
De alguns anos para cá, o trio do Paramore mostrou que não se importava muito em estar limitado ao rock alternativo. Se o nome da banda em sua mente lembra a vocalista Hayley Williams em músicas emo, esqueça. This is Why é mais uma prova da constante reinvenção do grupo e também uma homenagem ao indie rock dançante, experimentado por bandas como Arctic Monkeys e Foals.
09. Heaven knows - PinkPantheress
Um dos nomes mais interessantes da nova geração, PinkPantheress é o puro suco millennial (no melhor sentido), e entrega a estética dos anos 2000 sem parecer clichê. Hit instantâneo do TikTok, a cantora inglesa poderia muito bem estar em uma zona de conforto, mas Heaven knows não se limita a gêneros e está acima do óbvio. Vale a pena ouvir e se surpreender.
08. JAGUAR II - Victoria Monet
Guarde este nome. Victoria Monet, compositora por trás de nomes como Ariana Grande e BLACKPINK, mostra que é uma revelação dos gêneros R&B, pop e disco. Com um quê de nostalgia, JAGUAR II mistura empoderamento e paz de espírito para fazer dançar e esquecer dos problemas do dia a dia.
07. Me Chama de Gato que Eu Sou Sua - Ana Frango Elétrico
Não subestime pelo nome considerado "bobo", por alguns. Ana Frango Elétrico é um dos nomes mais promissores do polêmico título de “nova MPB”, e que está longe de se soar pretensioso. Cheio de referências, Me Chama de Gato que Eu Sou Sua traz sonoridades brasileiras dos anos 70 e 80 para contar um universo próprio com muito bom humor, ironia e sentimentalismo. De quebra, ainda possui uma das capas mais belas do ano.
06. The Land is Inhospitable and So Are We - Mitski
Intimista, o novo disco de Mitski é uma jornada ao universo contemplativo criado pela artista. Afastada da euforia presente em Laurel Hell (2022), The Land is Inhospitable and So Are We vai pelos vocais crus aos instrumentais de violão e coro gospel, criando uma atmosfera acalentadora em meio ao caos do cotidiano (vide My Love Mine All Mine). Ótima pedida para dias frios.
05. Vício Inerente - Marina Sena
Em terras paulistanas, a mineira Marina Sena retorna em seu segundo trabalho com um som menos orgânico e mais orientado ao pop. Libertação é a definição para Vício Inerente, onde a artista canta sobre um corpo livre, sensual e que sabe o que quer. De sintetizadores misteriosos em Olho do Gato ao beat provocativo na irresistível Que Tal com Fleezus, o disco te convida a embarcar nesse gostoso passeio. Ótimo para acompanhar aquele vinho.
04. Raven - Kelela
Seja você fã de música ambiente ou não, dê aquela chance para Raven, disco da Kelela lançado em fevereiro. Com uma capa que não deixa a desejar, não espere menos que uma obra para ser ouvida do início ao fim, combinando vocais poderosos com instrumentais etéreos e hipnotizantes. Calma que também tem espaço para o house, techno e outros subgêneros. É dar play e viajar.
03. Fountain Baby - Amaarae
Resumir a voz angelical de Amaarae ao gênero afrobeat seria limitar a artista dona de um dos melhores e mais interessantes álbuns do ano. Fountain Baby passeia pelos subgêneros do pop, e até mesmo ao punk e folk. A ganesa americana esbanja carisma com letras auto afirmativas e remete ao melhor do bom e velho pop com atitude.
02. Desire, I Want to Turn Into You - Caroline Polachek
Dedicada, a cantora Caroline Polachek está fora do ritmo frenético que a indústria musical impõe ao produzir um disco após o outro. Somente Billions, faixa que encerra o álbum, levou 19 meses para ser finalizada, segundo a própria. A espera compensa, e Desire, I Want to Turn Into You é um daqueles discos polidos e cheios de detalhes que preenchem os ouvidos. O alcance vocal de Polachek impressiona, e graças à produção, flui com uma das produções mais coesas e agradáveis do ano em cada uma de suas faixas.
01. My 21st Century Blues - RAYE
A britânica RAYE possui uma trajetória artística de muita bravura. Livre da gravadora que a impedia de lançar álbuns, ela decidiu que seria uma artista independente - e veio para brilhar. My 21st Century Blues não somente é um trabalho refinado, mas também confessional, onde ela relata momentos de trauma e dor. Mas não espere um disco deprê: R&B, hip hop, pop e house são alguns dos gêneros presentes, e que contam uma história que, ainda bem: está só começando para RAYE.