Reforçando a presença da Amazônia nos mais diversos cenários, o “Amazônia Mapping em Realidade Virtual” inaugura a segunda leva de mostras audiovisuais na Casa das Artes. O evento propõe uma experiência imersiva no metaverso com obras de artistas locais. O público está convidado a assistir filmes em realidade virtual, de forma gratuita, de 17 a 24 de outubro, das 9h às 17h.
Apresentado como um desdobramento do Festival Amazônia Mapping, a mostra faz parte do ciclo de resultados do edital Mergulho FCP 2023 e exibirá 12 obras. Estas poderão ser assistidas utilizando óculos de realidade virtual, interagindo com produções, performances artísticas, encontros entre música e imagem, e videomapping.
A realidade virtual é uma tecnologia que permite ao usuário experimentar um ambiente simulado por meio de um headset (óculos de realidade virtual) que substitui a visão e a audição por imagens e sons gerados por computador. Isso cria uma sensação de imersão no ambiente virtual e permite a interação com ele de maneira mais natural e intuitiva.
A iniciativa oportuniza uma vivência inovadora para os espectadores, além de promover a arte, tecnologia e a cultura amazônida de forma inclusiva. A curadora da mostra, Aíla, comenta sobre a a modalidade.
“A experiência VR não é uma mostra de cinema convencional, é uma mostra imersiva no metaverso. Você vive e assiste todos os conteúdos em 360º. É muito interessante e mágica a sensação: é como se você estivesse no show, presente de maneira ao vivo, com o artista bem pertinho, podendo ver os mínimos detalhes”, diz Aíla
Audiovisual - Coordenadora de Audiovisual e Artes Visuais da FCP na Casa das Artes, Melissa Barbery fala um pouco sobre a mostra. “O Amazônia Mapping VR nos traz muitas coisas interessantes. Primeiro, a realidade virtual é uma tecnologia que permite ao usuário experimentar um ambiente simulado por meio de um óculos de realidade aumentada. A mostra convida o público a mergulhar numa Amazônia futurista. É uma experiência de imersão”, explicou.
“Além da mostra, também haverá uma oficina de iniciação em vídeomapping para estudantes de escola pública. A mostra ficará aberta até o dia 24, aqui na Casa das Artes, ao lado da Basílica. Estamos ansiosos aguardando todos que quiserem prestigiar esse belíssimo trabalho”, convidou Melissa.
O Prêmio Mergulho FCP 2023 é mais uma forma de fomento ao audiovisual realizado pela Fundação Cultural do Pará. As produções têm foco na cultura local e são produzidas por diretores e artistas da região. O concurso incentiva a produção audiovisual nas diferentes regiões da Amazônia paraense e oferece a oportunidade de ocupar a Casa das Artes como equipamento cultural.
Amazônia - Aila, curadora da mostra, também comentou sobre a importância de debater sobre a cultura local. “É urgente que se fale de Amazônia em 1ª pessoa. Nós, amazônidas, queremos falar por nós, e o Amazônia Mapping é exatamente isso. Há 10 anos a gente ecoa vozes da nossa região, seja no âmbito das artes visuais, da música, da performance, para o país e para o mundo. Chegou o momento da retomada real”, afirmou.
O momento não poderia ser mais propício. Polo de inovações artísticas e tecnológicas, o Pará e a Amazônia vivem um cenário de valorização mundial em decorrência da COP30, que será sediada em Belém em 2025. A mais importante conferência sobre o clima e questões ambientais reunirá chefes de estado e lideranças de todo o globo. É a primeira vez que o evento ocorre no Brasil.
Vale ressaltar que a mostra faz parte do Festival Amazônia Mapping, realizado em agosto, em Belém, e em setembro, Alter do Chão. O festival de macro projeções mapeadas em ambientes urbanos da Amazônia é pioneiro na região Norte do país e um dos maiores eventos de arte e tecnologia do Brasil.
“Levar arte, de maneira gratuita, através de novas tecnologias, é algo fundamental. A gente vive nesse agora que dialoga com o digital, com o virtual, cada vez mais, e poder utilizar dessas ferramentas pra fazer arte, é revigorante. A gente produz coisas incríveis. Desejo que cada vez mais tenhamos projetos que consigam ser realizados com entrada gratuita, para que essas experiências possam plantar sementes em públicos diversos, desde a periferia”, concluiu a curadora.
Obras - Na mostra, Aíla apresenta de forma inédita músicas de “Sentimental”, seu álbum mais recente. O artista Jean Petra é convidado a fazer intervenções com elementos e objetos digitais sobre o vídeo, onde o 3D cria uma narrativa surrealista, resultando em um conteúdo híbrido.
Também obra da dupla paraense, o filme-performance “Reflexo” traz Aíla usando máscaras de espelho enquanto está no meio da floresta, criando um diálogo entre a sua própria imagem, os reflexos da floresta e as esculturas digitais que a cercam. As esculturas foram criadas pelo artista Jean Petra, e nos levam a conexões entre a tecnologia, o sagrado e a natureza.
O multi artista ítalo-brasileiro Nelson D, nascido em Manaus, junta-se à paulista Bianca Turner em uma excursão que traz ritmos tradicionais com timbres agressivos e sintéticos. A obra de ficção científica e distopia indígena se desenvolve na Floresta Digital, com telas vibrando em meio a samaúmas centenárias. O espiritual se mistura ao carnal, o ancestral com o contemporâneo.
DJ Méury, primeira DJ e produtora de tecnomelody do Pará, toca pela primeira vez as suas produções no Amazônia Mapping, junto com o artista visual paraense PV Dias. As obras compostas são projetadas em uma grande tela em um domo flutuante na ilha virtual e fazem sincronia com as músicas tocadas pela DJ Méury. Além disso, PV apresenta um objeto de arte modelado em 3D, chamado de Altar Sonoro.
Já na obra “Alma da Selva”, dos artistas Microdosys e Lumina Chebel e Irû Waves na trilha sonora, é uma jornada rumo ao coração da floresta. Desde sua concepção mais ancestral até sua manifestação na presença dos animais, a selva se apresenta como um único organismo, que pulsa, se transforma e se revela na fachada de uma das catedrais do Amazônia Mapping.
A obra “Crisálida”, do paraense Rafael Bqueer e trilha sonora de Will Love, traz uma performance orientada para vídeo que apresenta o corpo da artista no primeiro momento como uma escultura viva; um híbrido de corpo e natureza que se camufla e se transforma.
Outro destaque da mostra é “Resiste!”, de Roberta Carvalho com trilha de João Deogracias. A obra é um mergulho no universo amazônico e seus personagens, e cria uma poesia visual sobre temas urgentes como a preservação e as conexões com a natureza. A criação busca identificar as dinâmicas que tornam a Amazônia um lugar de resistência e, no percurso, nos convoca a resistir junto.
*Créditos das informações do Núcleo de Comunicação da Fundação Cultural do Pará