“Ser cozinheira foi uma forma de acompanhar a vida do meu marido, Jefferson Rueda. O que agradeço muito. Gosto de servir as pessoas”, ela conta.
Gente!
Nacional
Paulistana da gema. Poderia ser um trocadilho, em se tratando da protagonista do Gourmet desta edição da Revista Leal Moreira, mas é a definição mais perfeita para a chef Janaína Rueda.
Nascida no Brás, filha de uma cozinheira, Janaina começou a carreira cedo. Não porque pilotasse as chamas dos fogões desde criança, mas porque os curiosos olhos azuis [marcas registradas] acompanhavam a mãe, Rejane Rodas, nas jornadas de trabalho nos extintos [e lendários] Hippopotamus, Gallery, The Place e Paddock. Quando pergunto se Janaína já saberia que seria cozinheira, ela surpreende [aliás, só uma das tantas, até o final da conversa] e diz que queria mesmo era ser cantora. Cozinhava de maneira intuitiva, ainda menina e foi assim que enveredou [mesmo sem ter essa consciência] por um caminho sem volta. Foi sommelière, trabalhou em respeitadas multinacionais quando conheceu o marido, o também chef Jefferson Rueda [da respeitada casa Attimo] – aí, já não havia outro desfecho, que não assumir o que a vida lhe reservara.
“Ser cozinheira foi uma forma de acompanhar a vida do meu marido, Jefferson Rueda. O que agradeço muito. Gosto de servir as pessoas”, ela conta.
Coube a Jefferson a alcunha pela qual a chef também é conhecida: onça, em uma referência à fama de brava da chef. “Eu afugentava as pretendentes do Jefferson quando ainda namorávamos”, declarou entre risos quando questionada sobre o apelido. “Me parece que vocês namoram até hoje... ele foi tua maior inspiração?” “Sim, até hoje ele é minha inspiração. Quando necessário, cozinhamos juntos”.
Jefferson também foi responsável pela realização de outro sonho de Janaína: um restaurante para chamar de seu, o “Bar da Dona Onça”, localizado no térreo do icônico edifício Copan.
O Bar da Janaí... dona Onça
Mesmo trabalhando em endereços diferentes, Jefferson Rueda sempre dá um jeito de aparecer na “casa” da esposa. Sorte dupla dos clientes, porque enquanto o chef assume o fogão, Janaína circula entre as mesas, conversa com os clientes, recebe os amigos. Ou vice-versa.
O Bar da Dona Onça tem personalidade tão marcante quanto o da chef, com muita ousadia e... animal print. Não podia ser diferente. A Gastronomia de resgate boêmia é o prato principal do lugar e, em vez de chope, a casa sugere vinhos tintos e brancos em taça. Por lá, é recorrente encontrar quem saia de casa e atravesse a cidade para se deliciar com sabores “domésticos”. Comfort food pura. “Minha cozinha que resgata a gastronomia boemia paulistana. Espero que eles [os clientes e amigos] se sintam felizes e acarinhados”. No menu, arroz de fígado acebolado com ovo, macarrão com frango caipira, “pf” de omelete [“o mais vendido de São Paulo”, avisa]. Não por acaso, é comum que os clientes se sintam amigos e os amigos vivam por lá. O estilista Walério Araújo [que também ganha destaque nesta edição], compadre de Jefferson e Janaína, está sempre por lá. “Amo a Janaína e o Jefferson, amo a atmosfera deste lugar, a comida. Amo tudo”, derrete-se.
Uma onça na Amazônia
Janaína foi uma das chefs convidadas do Ver-O-Peso da Cozinha Paraense, o maior e mais longevo festival gastronômico do Norte do Brasil [promovido pelo Instituo Paulo Martins] e que teve, pelo terceiro ano consecutivo, patrocínio da Leal Moreira.
A entrevista com a chef ocorreu dias antes. Pela primeira vez em Belém, ela arregalava os olhos azuis. “Nesta primeira vez no VOP, quais são tuas expectativas? Que ingrediente amazônida [ou ingredientes] anda povoando teus sonhos, Janaína?” “Eu sou uma pessoa que não gosta de criar expectativas. Já sei que vou comer bem, mas conto tudo depois do evento (risos)”.
O movimento começa e...
Vem a última pergunta. “Quando tens algum tempo livre, o que gostas de fazer? Cozinhar?”
Janaína abre um sorriso largo, pisca e aquela garota de 7 anos de idade reaparece. “Cantar é minha segunda paixão. Nunca tenho tempo livre para cozinhar, pois sempre estou cozinhando”.
Sorte a nossa.
Receita
Receita Cuscuz de Galinha Caipira
(receita para 2 pessoas)
INGREDIENTES
• 250g de frango caipira cozido desfiado
• 100g de farinha de milho flocada (artesanal)
• Azeitonas verdes e pretas
• Milho verde
• Alho
• Cebola
• Salsinha
• Cebolinha
MONTAGEM
Hidrate a farinha na água e sal entre 5 e 10 minutos. Refogar a cebola e alho, coloque o frango desfiado e um pouco de pimenta biquinho. Com a panela quente, adicione o milho, a farinha, as azeitonas, a cebolinha e cozinha por cinco minutos. Sirva com salada de alface baby e caviar de tomate, que é a parte com sementes.
Você pode servir ele quente, frio ou morno.