Recém-chegada de Dubai, nos Emirados Árabes, onde participou da edição internacional da “Virada Feminina”, um fórum de mulheres sobre responsabilidade social, experiências, projetos e contribuições sociais, a empresária brasileira Cris Arcangeli desembarcou em São Paulo direto para o festival de música Lollapalooza, no autódromo de Interlagos, que reuniu algumas das principais estrelas da música no Brasil e no mundo. Um respiro para quem, já no dia seguinte, começaria a dar andamento nas turmas de mentoria individual para marcas e empreendedores, que ela mesma ministra. O “respiro” talvez faça parte do ritual de “beleza” dela, um conceito construído ao longo dos anos na vida pessoal e profissional. “Para mim, beleza sempre esteve ligado a algo de dentro para fora. Estar bem, sentir-se bem. Todo mundo percebe quando a pessoa está bem, porque ela exala isso. Não à toa criei algumas empresas ligadas a esse conceito, e a Beauty’In é a representação desse conceito que acredito totalmente”.
A Beauty’in é uma empresa criada por Cris e focada na produção e venda dos chamados “aliméticos”: alimentos cosméticos à base de colágeno. A ideia nasceu de uma observação da “Cris empresária” que, atenta ao mercado consumidor, percebeu que os hábitos de consumo estavam ditando a busca por uma alimentação mais saudável. No hype do wellness, ela desenvolveu vários produtos como cápsulas de óleo de coco, barras de cereais e chás instantâneos, totalizando mais de 80 produtos que contém ativos cosméticos naturais, que ajudam de alguma forma na melhoria da saúde e beleza.
Formada em odontologia, atuou como dentista durante 5 anos quando decidiu, pela primeira vez, chacoalhar as estruturas da própria vida: era hora de mudar. Vendeu a cadeira de dentista e criou a Phytoervas, primeira marca brasileira de shampoos sem sal. Uma ousadia que, certamente, orgulhou os pais, dois empreendedores. O Pai, imigrante italiano, trabalhava com foco em oleoduto. A mãe, proprietária de uma loja de autopeças. Estava no sangue quente dos Arcangeli a vontade por empreender.
Verdade seja dita, a ousadia não parou por ali. Hoje, Cris além de empresária, atua como apresentadora, palestrante e consultora de empreendedorismo, qualidade de vida, welness e beleza. Num momento de pausa na agenda lotada, ela conversou com a LIV. Falou sobre beleza, marketing, empreendedorismo, a experiência no Shark Tank Brasil e sobre projetos futuros.
Cris, eu queria começar te perguntando: o seu conceito de “beleza” mudou ao longo do tempo? O que é o “belo” pra você, hoje, em tempos que as pessoas têm aprendido sobre o poder da representatividade.
Para mim, beleza sempre esteve ligado a algo de dentro para fora. Estar bem, sentir-se bem. Todo mundo percebe quando a pessoa está bem, porque ela exala isso. Não à toa criei algumas empresas ligadas a esse conceito, e a Beauty’In é a representação desse conceito que acredito totalmente.
Todo mundo adora um creminho para combater a chegada da idade… às vezes isso também acompanha alguns procedimentos estéticos. Como você enxerga essa busca pelo “padrão” de beleza?
Acho que a beleza é você se sentir bem. Não vejo nada de mal melhorar, com tanta ciência e tecnologia, algo que não te deixa confortável. O mercado de saúde e beleza inova demais. Só acredito que tem que ser uma soma de fatores: alimentação saudável, atividade física, e a mais, o que fizer sentido para cada um.
Qual “creminho” você não deixa de usar nunca? E por quê?
Não abro mão de protetor solar e hidratante labial, além do batom. São fundamentais em meu dia a dia e me deixam sempre pronta para o próximo compromisso.
Agora mudando de assunto, queria falar com você sobre marketing e empreendedorismo: a Cris que a gente vê e conhece é só sucesso. Mas você em algum momento já faliu? Se sim, quantas vezes? E qual uma grande lição que tenha aprendido?
Nunca fali (ainda bem), mas claro, existem momentos que você para e pensa e toma decisões que não são as mais confortáveis. Mas são necessárias. O que eu sempre digo é que o trabalho como rotina faz a diferença, afinal, “A Sorte sempre me Encontrou Trabalhando”. E faça o que acredita, com propósito e inovação. Vejo muitas empresas falirem por erros “comuns”, como precificação, jornada do consumidor que não enxerga as dores reais.
Se você começasse a empreender hoje, o que mudaria nas marcas que você criou?
Nada – não faria nada diferente em suas criações. Possivelmente algumas associações eu não faria hoje, e isso deixo de lição também. Muitas vezes achamos que precisamos de sócios, quando na verdade consultores e mentores resolveriam. Então atenção ao achar sempre que dinheiro resolve o crescimento da empresa.
O seu nome é uma referência. Como você define a sua marca?
Hoje entendo que sempre criei empresas pensando na internacionalização da imagem de produtos Made in Brasil. Temos um pais rico de matéria prima, pessoas incríveis, competentes. Temos tudo para tornar sucesso e potência em todo mundo. E acredito que fiz isso sempre intuitivamente, pensando com inovação, propósito e muito trabalho.
Hoje em dia, a gente sabe que fazer uma boa gestão do tempo é fundamental. E a Cris que a gente acompanha nas redes é uma mulher com muuuitas ocupações. Como você administra seu tempo com tantas atividades e consegue conciliar com a vida pessoal?
Olha, é difícil, mas sempre damos jeito. Muitas vezes não é na hora exata que pensamos, mas adaptamos e conseguimos encaixar. Meu dia tem as mesmas 24 horas de todo mundo, mas com minha rotina de organização, consigo ter meu tempo de treino e cuidado, minhas reuniões, encontros com família, amigos, viagens, e tudo mais. Se organizar, dá certo.
Cris, hoje em dia, é comum a gente ver pessoas se venderem como “gurus” do marketing. Pessoas que, normalmente, vendem aquilo que sequer podem dar a seus clientes. Você, ao contrário, tem cases de sucesso para contar. O que mais te surpreende no contato com as pessoas que muitas vezes caem na conversa dos gurus por causa de uma certa necessidade de “urgência”?
Acho que quem “cai” nesses golpes está à espera um milagre. Eu sou empreendedora raiz, fui para o palco pelo meu propósito, mas antes de chegar lá, criei empresas de sucesso. Ser uma empreendedora serial é isso: fazer marcas, torná-las atraentes, escalar, vender, e começar tudo de novo. É importante cada empreendedor entender que tem um processo sim em criar um negócio. E trabalhar com afinco pela sua ideia, sem achar que cai do céu.
Queria que você contasse para gente sobre sua experiência no Shark Tank.
É uma experiência muito rica, ainda mais sendo a primeira mulher nesse papel. Sempre tive isso, a primeira mulher em muitas mesas de negócios. É uma experiência única ouvir tantos negócios, se colocar também no lugar do empreendedor, e ver o que é passível de investimento. Um investidor busca, essencialmente, fazer seu dinheiro render, em projetos que fazem sentido e são escaláveis. Então muitas vezes o público fica arrasado – como você não investiu nesse, naquele, etc – mas são negócios em início ou ascensão, e que muitas vezes não precisam de um investidor. Saber diferenciar isso faz toda a diferença.
Quais seus projetos pro futuro?
São tantos! Tenho me dedicado ao Comunidades a 1000, com G10 favelas e muitos empreendedores de favela (e fico entusiasmada demais com tudo que vejo). Tenho mentorias, eventos (retomando os presenciais como Shark no Parque), cursos online, aulas em universidades, empresas, palestras! E mais dois livros para lançar. Apoiar novos empreendedores e empreendedoras é um caminho especial para alcançar voos cada vez maiores.
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