Se o descanso faz bem para alguns músicos, talvez para Kali Uchis essa não seja uma verdade absoluta. A artista acaba de retornar com ORQUÍDEAS, seu novo trabalho logo após Red Moon in Venus (2023), e que é batizado em homenagem à flor nacional da Colômbia.

Uma fusão de gêneros sem perder coesão, ORQUÍDEAS abre com ¿Como Así?, um pop obscuro frenético que poderia estar em um álbum pop dos anos 90. O pop em si, aliás, marca presença como a descaradamente disco Igual Que Un Ángel, com Peso Pluma, assim como o trap em Young Rich & In Love. 

Se por um lado Kali Uchis entrega o pop, do outro ela celebra suas raízes colombianas, como no single Te Mata, um bolero raíz, repleto de sentimentos sobre relacionamentos abusivos. O bom e velho reggaeton também marca presença com Labíos Mordidos, parceria com a também colombiana Karol G. O neo soul também é presente no disco, na faixa Heladito, que lembra o melhor da lendária Sade. 

Com este álbum, Kali Uchis parece ter conseguido estabelecer um universo autêntico que só poderia ser seu, o que é raro hoje em dia. A fluidez entre espanhol e inglês faz com que a artista tenha quase um idioma próprio, tornando as composições ainda mais autênticas.

A dona do hit Telepatía se consagra como uma artista fluída, empoderada e que acima de tudo, sabe onde quer chegar. ORQUÍDEAS é uma celebração da cultura latina, do ser mulher e do que há de melhor na vida. Com gravidez anunciada, ela canta em Diosa sobre feminilidade. (“Sabes bem que sou muito mulher / e pode ser que isso te assuste”).

O melhor desde o ambicioso Isolation (2018), o novo trabalho de Kali Uchis transita por referências, estilos pop e que reserva ao ouvinte uma surpresa a cada faixa, daqueles discos que merecem ser ouvidos com calma em cada detalhe. Ouça: