Tem lugar mais gostoso que a casa da gente? Afinal, lá é onde se relaxa, se descansa depois das tensões daquele dia cheio de trabalho e “pepinos” para resolver. E é também um palco propício para reuniões, festas e farras daquelas que começam à tarde e brigam com a luz do sol do outro dia invadindo as janelas para não acabar. Para quem franziu a testa ao ler a afirmativa anterior, eis três depoimentos que podem fazer com que você, na medida do possível, repense as “possibilidades possíveis” do seu lar, doce lar.
“Reuniãozinha sempre foi ‘ona’”
Janete Eluan é dessas que a gente bate o olho uma vez e já sabe que agregar pessoas e grupos de pessoas, por mais diversos que eles sejam, é com ela mesma. De família libanesa, se acostumou desde cedo a ter e receber muita gente em casa. “Tenho sete irmãos, sendo que dois deles e mais eu ainda moramos no mesmo terreno onde mora nossa mãe, cada um numa casa diferente. Fora isso, são três primos muito próximos. A virada de 2012 para 2013 resolvemos passar todos juntos em Natal (RN): 38 pessoas. E conseguimos juntar todos num mesmo avião! Reuniãozinha na minha casa, na minha família, sempre foi ‘ona’”, relata ela, que trabalha como gerente e coordenadora financeira em duas empresas.
Ainda em 2012, assim como nos anos anteriores, o que não faltou foi reunião na casa de Janete regada à boa música, bom papo, boas comidinhas e bebidinhas. “Eu até gosto de sair para alguns bares, mas em casa é mais íntimo. Sou uma pessoa cheia de amigos e quanto mais gente reunida, mais complicado fica circular entre os grupos se a gente está na rua. Além disso, se for pra ir pra barzinho ou restaurante fica complicado manter, financeiramente. Tem mês que, só de aniversário de família são oito. E mais os dos amigos!”, justifica.
A paixão por receber os queridos no aconchego do lar já rendeu grandes festejos, incluindo não um, mas três casamentos de primos, e outros eventos sofisticadíssimos, como o aniversário de 48 anos de Janete, há pouco mais de três anos. “Eu gosto de festa temática e o povo entra na onda, se fantasia e tudo mais. Em 2009 eu comemorei meu aniversário com o tema “A Casa da Luz Vermelha” e foi um barato! Fez tanto sucesso que repeti a dose, em 2011, nos meus 50 anos, fazendo a ‘parte II’ da mesma temática. Já no meu último aniversário eu disse aos amigos apenas que chegassem com suas bebidas e algum prato de comida, para que nos reuníssemos para comemorar. Fiquei supresa porque não teve convite formal, foi só um ‘aparece aí’, e a casa ficou cheia!”, recorda.
Das reuniões aleatórias e em datas especiais, uma nova programação se formou. Agora toda sexta-feira de lua cheia é dia de luau por lá. “Essa brincadeira começou faz bastante tempo. Conheço muitos músicos, sou parceira musical de Paulinho Cavallero, Silvinha Tavares é muito minha amiga e por aí vai. Lá em casa rolam as ‘Chicadas’ de vez em quando, geralmente comandadas por um dos meus irmãos que toca violão e que, assim como eu, ama Chico Buarque, e em julho passado teve luau toda segunda-feira lá em casa. E esses luais foram tão legais que combinamos fazer desse encontro algo mensal, e sempre iluminados pela lua, sem luz artificial nenhuma. Só espero que a chuva não nos obrigue a mudar para a garagem quando tiver encontro nesses primeiros meses do ano!”, torce. “Meu negócio é reunir os amigos. Se não tiver festa, a gente faz música. Se não tiver música a gente joga dama, dominó, joga até pedra na mangueira!”, brinca.
“São muitas histórias memoráveis”
A advogada Thayanna Rebouças, de 30 anos, também segue a linha de raciocínio de Janete: o negócio é juntar o pessoal. “Receber os amigos em casa sempre foi um hábito. Desde a adolescência tudo era motivo pra se reunir, podia ser para estudar, conversar, lanchar, até pra fazer nada!”, admite. Além de todo o conforto que só a casa da gente proporciona, ela ainda vê outros benefícios em trocar o ‘outdoor’ pelo ‘indoor’. “Poder se reunir sem se preocupar com brigas, assaltos, acidentes, surpresas indesejadas é uma das maiores vantagens. Claro que tem aqueles dias em que você quer sair e ver pessoas diferentes, jantar num restaurante bom, mas pesando os ‘prós’ e ‘contras’ acho que prefiro fazer reuniões em casa mesmo, talvez seja a idade!”, especula a jovem.
Em meio aos grandes encontros que rolaram na casa da Thayanna, muita história pra contar. “São várias memoráveis, e algumas até impublicáveis!”, revela, garantindo que a baderna nunca incomodou os pais, também participantes da brincadeira promovida pela filha. “Acho que a mais marcante foi a formatura da minha irmã, Arianna, com direito a banda de Rock e mais de 12 horas de festa, começando com churrasco e terminando no caldinho”, lembra. A quadra junina foi lembrada durante anos e anos por lá também. “Foi a festa que mais se repetiu nos nossos calendários. Ia todo mundo vestido a caráter, servíamos comidas típicas, tinha até quadrilha improvisada e Barraca do Beijo!”, conta. “Em segundo lugar vêm as lutas de UFC [Ultimate Fighting Champion], com direito a telão. Acho que me divirto até mais em casa do que fora, porque fico mais à vontade”, conclui.
Detalhe: há três anos, Thayanna casou e teve seu primeiro filho, e com isso, o ritmo das reuniões diminuiu, claro. Mas por pouco tempo. “No começo a gente reunia menos mesmo, mas hoje posso dizer que menor é só a quantidade de participantes. Moro com meu marido e meu filho que, desde pequeno, está acostumado com a bagunça. Ele dorme no barulho e só depois de participar das festas até cansar! Reunir os amigos é e sempre será um prazer”, a advogada reforça.
“A festa fica com a sua cara, com a cara dos amigos”
Nada mais complicado em um grupo de amigos, com o passar dos anos, do que a situação solteiros vs. casados. Como reuni-los? Há três anos, o publicitário Igor Sales, 30, encontrou uma forma de agregar a turma toda num mesmo lugar, e abriu as portas de sua própria casa para proporcionar esses encontros. “O hábito é antigo, mas de uns três anos pra cá, se intensificou. Foi uma maneira que encontrei de juntar casais, que não saem mais para a balada, com a turma dos solteiros”, explica. “É mais trabalhoso, porque exige um planejamento que acaba sendo a parte mais legal da festa, que fica com a sua cara, com a cara dos amigos”, avalia.
Para ele, não tem como comparar as modalidades, digamos assim. “Não é que eu troque uma saída por uma reunião ‘indoor’, são momentos diferentes. Enquanto pra balada é só se arrumar e sair de casa, a reunião indoor acaba sendo um pouco mais planejada, pelo menos pensada um dia antes, você tem que organizar, convidar as pessoas, comprar bebidas. E cada uma acaba sendo bem diferente da outra. No momento estou preferindo mais as reuniões ‘indoor’, mas não apenas as minhas, na casa de amigos também, porque senão só eu tenho todo o trabalho!”, detalha.
Hoje Igor recebe entre 20 e 25 pessoas na sala de casa para ver filmes, lutas, futebol e o que mais estiver na programação. “Uma vez veio o dobro de gente e foi uma confusão, porque um amigo sempre traz um outro amigo! Me preocupo muito, quando a festa é na minha casa, para que na hora as pessoas fiquem bem à vontade, não precisem ficar me pedindo as coisas, até para que eu mesmo possa curtir”, diz o publicitário, que mora com os pais e mais uma irmã. “O imóvel é grande e os quartos ficam bem isolados, então ninguém se incomoda com barulho nem nada. E assim como eu faço as minhas festas, eles fazem as deles também”.
Antes de usar a sala de estar, ele recebia os convidados em outra parte da casa, e da forma como a reunião era organizada, até quem passava pela rua podia curtir também. “As primeiras reuniões eram bem simples mesmo, eu fazia em um espaço que é anexo ao meu quarto e que dá visão para a Avenida João Paulo II. Com um projetor, eu jogava a imagem do que estávamos assistindo para a parede de um prédio de quatro andares do lado da minha casa, e em uma noite de UFC, eu precisei pintar um quadrado branco em uma dessas paredes, que estava suja, para que a gente conseguisse uma boa imagem. Ficou tão boa que, quando olhei para trás, as pessoas estavam no meio do canteiro central assistindo à luta também!”, conta.